No Dia da Árvore, celebrado hoje, 21 de setembro, a deputada Joenia Wapichana (Rede-RR) apontou os impactos das mudanças climáticas, “uma questão que afeta a todos”, conforme dito por ela no início do seu discurso na reunião deliberativa extraordinária da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS).
Na reunião, ela destacou pontos de reflexão e inflexão, observando a necessidade de haver mudança no comportamento da sociedade, inclusive nas proposições legislativas. Diante das discussões globais sobre mudanças climáticas, como está ocorrendo hoje na Assembleia Geral da ONU, a deputada apresentou o alerta de desmatamento da Amazônia em 6 anos, no primeiro semestre, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe).
“Apesar de ter havido uma queda de 5% no desmatamento da Amazônia entre as temporadas de 2019-20 e 2020-21, as áreas sob alerta nos dois períodos ainda são as maiores desde 2015, quando o Inpe começou a medi-las”, destacou. O Inpe divulgou que o desmatamento acumulado hoje, na Amazônia, corresponde a mais de 800 mil km2.
“A área original da floresta monitorada por satélite nos nove estados da Amazônia Legal é de 3.994.454 km2. Ou seja, foram desmatados cerca de 20% da floresta, permanecendo 80% de pé”, apontou a parlamentar com base nos últimos dados do Inpe.
Joenia reivindicou a necessidade de políticas positivas e investimentos para a proteção e monitoramento dessas áreas. “É necessário que hajam políticas positivas, investimento para a proteção, monitoramento, principalmente para as áreas que são consideradas bens comuns”, frisou.
Nos últimos 15 dias, a Polícia Federal (PF) realizou operações de combate ao garimpo na Terra Indígena Yanomami. Foram apreendidos 64 aeronaves, entre helicópteros e aviões usados por garimpeiros, além de combustíveis e até mercúrio usado no garimpo. No discurso, a deputada Joenia destacou o caso e pediu punição aos envolvidos.
“Essas aeronaves pertencem a alguém. Hoje o garimpo se tornou um crime organizado, com mais de 60 aeronaves apreendidas. Que empresa está favorecendo o garimpo ilegal?”, questionou, ao alertar que a contaminação não fica somente dentro das terras indígena. “ Então é preciso investir nessas operações, fiscalizar e não regulamentar os crimes”, cobrou.
“ Espero que essa investigação seja levada até o fim e, justamente, que estão aí por trás desse crime organizado, seja empresário, fazendas que dão apoio ao trânsito de aeronaves possam responder. E se tiver pessoas servidores públicos, políticos, ex-políticos, também paguem por um crime que está acontecendo”, frisou, ao chamar atenção da Comissão que tem a responsabilidade de levar as denúncias adiante e não ficar só discurso, um discurso “falho, pobre e sem compromisso nenhum”, como o Brasil diante dos 28 países que se reúnem na Assembleia Geral da ONU. Enquanto outros países levam suas propostas, o Brasil falha em apresentar as suas.
“ Que o dia da árvore não fique somente no discurso, mas numa prática positiva”, concluiu.
Fotos: Mayra Wapichana